segunda-feira, julho 16, 2007

Documentário - Good Copy Bad Copy


Acabo de ver Good Copy Bad Copy, interessante documentário dinamarquês sobre cultura e direitos autorais.

Entre muitos pontos e contra-pontos, opiniões de defensores do direito livre e também dos direitos autorais convencionais, o destaque fica por conta dos exemplos que permeiam o filme. Mercado cinematográfico nigeriano [o maior do mundo(!)], pirataria na Rússia, indústria fonográfica dos Estados Unidos, Djs e Techno Brega Brasileiro. Vários e bons exemplos.

O interessante foi comparar os discursos das pessoas que abominam a distribuição gratuita de material pela web e das pessoas que o incentivam, inclusive colocando o download como forma de libertar a cultura.

De um lado, todos colocam o Mp3 e seus "arquivos primos" como malignos, verdadeiros destruidores de lares. Uma das entrevistadas diz que em virtude dos downloads gratuitos, "grandes lojas de discos fecharam e empregos foram perdidos, o que é realmente triste". Sim, elas fecharam, mas assim foi em toda a história da humanidade! Não se pode culpar o computador chamando-o de maligno pelos empregos que foram perdidos nas fábricas que produziam máquinas de escrever. Mesma coisa com os K7. Não dá pra ter pena de quem trabalhava em empresas que produziam K7 na época em que foram substituídos pelo CD e DVD. É a evolução natural das coisas, evolução dos modelos de negócio.

Do outro lado da moeda, o pensamento dos entrevistados defensores de novos modelos, se resumiu nas palavras de um senhor de mais de 60 anos que me chamou muito a atenção e falou com propriedade e mais bom-senso do que todas os outros juntos. Petter Jenner produziu e gerenciou nomes importantes da música, entre eles Pink Floyd e The Clash. Na TEORIA, ele DEVERIA apoiar o modelo convencional da indústria da música. No filme, ele diz o seguinte:

Há uma tremenda batalha acontecendo.
Se as empresas fonográficas continuarem presas ao seu antigo modelo de negócios com a tecnologia que temos hoje, isso não funcionará. Isso só vai retardar o desenvolvimento.

Se eles fecharem todas as redes peer-to-peer na Europa, haverá uma na China, ou na Rússia, ou no Cazaquistão. E se você fechar essas, elas irão para as Ilhas do Pacífico. E se você também conseguir fechá-las, elas irão para um barco.

Uma lei global está por vir. Se você tem 600 milhões de pessoas no mundo pagando 50 dólares por ano para acessar e fazer o que quiser com todas as músicas disponíveis, você obtém a receita atual da indústria de discos.

Por que eles não fazem isso? Acho que é porque eles construíram seus negócios de forma a controlar o que chamamos de mercado dos ricos. E eles puseram um muro em volta desse universo. E no resto do mundo, há o que eles chamam de "piratas".

Não adianta! Não dá pra simplesmente tentar inibir, coibir ou vetar as manifestações que surgem na Internet. Quer sejam elas na transferência de arquivos, de palavras, de fotos enfim, de tudo. Um novo modelo de leis autorais tem que ser pensado e discutido. Novas formas de pagamento de direitos aos autores tem que ser propostas. Creative Commons é só o começo.

À quem interessar, o filme está disponível em torrent e legendado em português aqui, no melhor estilo pirata.

Abaixo, o trailer:

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